"A liberdade jamais e dada pelo opressor, ela tem que ser conquistada pelo oprimido"

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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

“DECIDI SER OSCAR NIEMEYER”

 


    O arquiteto era amigo de Chico e dos pais dele, Sérgio Buarque e Maria Amélia.  Tão amigo que fez o projeto de uma casa para eles construírem no terreno que possuíam. Chico, na época,  dava dores de cabeça à família. Chegou a ser preso por arrombar porta de carro de desconhecido apenas para ter o prazer de dirigi-lo, largando-o, depois, onde o havia encontrado. Por isto, seus pais o internaram num colégio de Cataguases. Coincidentemente, instalado num prédio construído por Niemeyer.
    No texto abaixo, Chico retoma aquele seu papel de adolescente incontrolável, exagerando, de propósito, na descrição de seus comportamentos rebeldes, naquela fase. Tudo para homenagear seu amigo Niemeyer.

    "A casa do Oscar era o sonho da família. Havia um terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar.

    Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse 'dono' do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar.

    Mais tarde, em um aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira.

    Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e saí batendo a porta da nossa casa velha e normanda:
 
    - Só volto para casa quando for a casa do Oscar!

    Pois bem, internaram-me em um ginásio em Cataguases, projeto do Oscar. 

    Vivi seis meses naquele casarão do Oscar. Achei pouco. Decidi-me a ser Oscar, eu mesmo.

    Regressei a São Paulo. Estudei Geometria Descritiva. Passei no vestibular. E fui o pior aluno da classe. 

    Mas, ao professor de Topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: 

    -Lá em casa tenho um canudo. Com a casa do Oscar.

    Depois larguei a Arquitetura. E virei aprendiz de Tom Jobim. Quando minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. 

    Música do Tom, na minha cabeça, é casa do Oscar".

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