"A liberdade jamais e dada pelo opressor, ela tem que ser conquistada pelo oprimido"

"A liberdade jamais e dada pelo opressor, ela tem que ser conquistada pelo oprimido"
"A liberdade jamais e dada pelo opressor, ela tem que ser conquistada pelo oprimido"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Para os meus amigos, TROLL's ou não!

Fernando Paranhos, um amigo do Facebook, presenteou-me com este poema que, segundo ele, traduz sua recém descoberta característica TROLL.

Cântico negro (José Régio)

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

domingo, 14 de agosto de 2011

Feliz Dia dos Pais!

Quando falava para o meu filho, João Francisco, que ele precisava comer verduras e legumes, ele respondia:
-Comer verduras e legumes? Eca, que nojo!
Depois de mostrar-lhe na TV uma reportagem sobre a apendicite, que falava, entre outras coisa, de como a alimentação pobre em fibras pode causar o aparecimento da doença, ele hoje pede para eu comprar verduras e legumes.
Esse é o meu rebento, curioso, inteligente, inquieto, inventivo e, às vezes, muito mala sem alça.
Não sei como passei trinta e cinco anos de minha vida sem ele!
Sem acordar com um aviãozinho pousado em minha testa e, ao abrir os olhos, me deparar com um sorriso de anjo peralta.
Sem conversar ao telefone tendo uma pessoinha ao lado fazendo som de sirene de ambulância.
Sem tropeçar em brinquedos espalhados por toda a casa.
Sem passar horas montando bloquinhos.
Sem ter de responder perguntas do tipo:
-Pai, porque você tem pêlos no corpo e eu não tenho? Você vai virar um lobisomem?
Sem tentar dormir e não conseguir, pois alguém está fazendo cócegas em mim.
Sem acorda cedo e seguir na direção da escolinha.
Sem alguém esperando eu botar o lixo para fora, fechar o portão, escovar os dentes e apagar as luzes, só para ouvir uma historinha, conversar ou brincar mais um pouquinho antes de dormir.
Sem ouvir as batidas de um coraçãozinho que faz o meu coração bater no mesmo compasso.
Sem ver aquele sorriso lindo que ilumina a minha alma.
Finalmente compreendo o jeito que minha mãe me olhava, com aquele olhar úmido e brilhante.
Ao longo desses cinco anos, palavras como amor, preocupação, alegria e realização tomaram uma nova dimensão para mim.
Hoje eu sei o que é sentir o meu coração pulsar fora do meu corpo.